É como se ele perdesse a memória. Ora grita e berra ora volta e sorri como se o momento anterior não tivesse acabado de acontecer, como se não a tivesse abalroado mais uma vez… como se não soubesse como a deixa magoada e triste.
Hoje não a quer… um dia talvez seja diferente, poderá ser ela a não querer… quando não quiserem os dois, quem sabe não serão mais felizes. Por enquanto, embora não admita, não consegue resistir ao sorriso dele e ao ar desamparado que faz às vezes.
Há qualquer coisa a ligá-los, nenhum deles faz ideia do que seja, por medo ou comodismo nenhum deles pergunta, não querem saber. Existe, não o negam, não se vê mas sente-se e é isso que os segura. Há sempre um que consegue ter mais fé, é ela, ela ainda acredita nele, não tanto neles, sim nele.
De vez em quando ela perde-se a pensar que ainda é possível serem especiais juntos, que ainda vão descobrir um no outro algo de extraordinário e confortante. Ele não facilita o processo, por vezes é duro e implacável, veste a armadura e já não a deixa entrar. Se ao menos ele conseguisse perceber que ela só quer o bem dele.
Há dias em que parecem viver exclusivamente um para o outro, são criaturas de extremos… não sabem quando abrandar, muito menos quando parar. Será amor? Não sabem. É certamente algum coisa… pelo menos para ela que tenta e tenta e continua a tentar… e quando ele lhe diz para não desistir dele, sem armadura nem máscara, ela arranja sempre maneira de o fazer.